terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O início do fim


"As atividades rotineiras e repetitivas habituam e moldam o corpo, condicionando musculaturas atrofiando possibilidades. Convencendo-nos de que não podemos
executar esse ou aquele movimento, que somos incapazes, insuficientes e
inabilitados. Se nos submetemos a essa mecanização, abrimos mão de ampliar espaços, de ousar e de experimentar o novo, o não-conhecido e o não-dominado."
Do gênio Augusto Boal

Que em 2011 a gente faça mais que prometa.Honestidade, pureza de espírito, união e paz.
Olhares sinceros e menos gargalhadas sem graças.

Scissor sister Invisible Light : assistam____

Que a Bahia nos traga boas surpresas como sempre! AXÉ!
Imagem : Do pop e não menos gênio Banksy.

terça-feira, 8 de junho de 2010

A luz dourada e a raposa.


Ano passado quando ouvi "Solid Gold" pela primeira vez e saí a caça de informações da autoria desse Disco ultra dançante de melodia quase espiritual (NOOOSSA!) fui salva pelo Rraurl como de costume, mas continham apenas uns comentários bem esparsos dos "grandesentendedoresdesom" disputando quem tinha ouvido primeiro como de costume. Assim que estreiou o single, maior mistério, ninguém sabia da onde vinha o som, qual era da banda, qual era daquela loura de patins da capa. Especulações e marketing viral a parte, a maquiavélica loura botou a cara e incendeou as pistas de dança pelo mundo (tocaram na Clash em SP ano passado!)com essa voz angelical, som do mau, pop, melódico, vintage... Acho "neo-disco" uma redução sem tamanho, tudo no Brasil que não se sabe definir e se acredita superando algo ganha um prefixo limitado que sugere movimento sequencial. Será que o "neoconstrutivismo" de Ferreira Gullar foi de alguma forma inspirado pelo construtivismo de Waldemar Cordeiro?Sem mais abstrações que nada tem a ver com o assunto: Meninas más dos anos 90, afastem os móveis e curtam o álbum de estréia do Golden Filter Völuspá!
...
E o LCD? Quando sai "This is happening" afinal? Estratégia de marketing, ou realmente é o último?
Tantas especulações bem menos importantes que a alma do negócio: músicas como Drunk girls me dão saudade de muitos bons momentos com os meus amigos!

"...
(Drunk girls)
Drunk girls are like a night of simplicity
(Drunk girls)
They need a lover who is smarter than me
(Drunk boys)
Drunk boys, we walk like pedestrians
(Drunk girls)
Drunk girls wait an hour to pee
..."

domingo, 25 de abril de 2010

SÃO PAULO FIM DO DIA


São Paulo fim do dia

São Paulo fim do dia
Portas que se fecham
Luzes que se acendem
Mãos que se despedem
Olhares que prometem
Coisas que acontecem
Porque tem que acontecer

Gente buscando casa
Gente buscando gente
Gente buscando nada
Vejo cinco continentes
Pisando a mesma calçada
O aglomerado constante
Dessa massa que se agita
Faz ainda mais bonita minha cidade gigante

São Paulo dos doutores
São Paulo dos marginais
São Paulo dos feirantes
dos intelectuais
São Paulo das mariposas
São Paulo do operário
do camelô
do vagabundo
do society
da favela
Misturas que fazem dela
A maior terra do Mundo

São Paulo fim do dia
e a rotina continua
Gente empurrando gente
a cada palmo de rua
Aqui uma cotovelada
Mais adiante é um empurrão
Uma mulher desesperada gritando:
"Pega ladrão!"
É o farol que não abre
É a sinfonia das buzinas
É o jornaleiro que grita:
"Olha a manchete do dia
Sequestraram uma menina!"

Mais adiante uma fechada
Alguem entrou na contra-mão
E sempre que isso acontece
Pode esperar que não passa
A gente assiste de graça
o festival do palavrão
Mas essa é a hora feliz
Do regresso para o lar
Cada um mais apressado
No desejo de chegar à mansão
ao apartamento, à casinha na viela
ao barraco de zinco
pendurado na favela
O pensamento é um só:
"Chegar, chegar"

Os contrastes são berrantes
na multidão dos sozinhos
Quem não viu nao acredita
Chega até ser bonita
a demanda dos caminhos
Enquando um vai de subúrbio
Da cenrtal, da cantareira
e faz a viajem inteira
mal podendo respirar,
O outro, carro importado
A bela gata do lado
O ar condicionado
Som, champagne, caviar
Gente que vai de gálata,
de Dart, opala, corsel,
de fusca, pé-de-cabra,
lambreta bicicleta

Cada um vai do jeito que pode
Gente que vai de taxi,
onibus, lotação
Gente que vai à pé
batendo sola no chão
Não que se tenha vontade
Coisas da necessidade
De que ficou sem nenhum
Nem mesmo pra condução
Mas nada disso importa
O importante é chegar
Quando se tem na chegada
um motivo pra sorrir
Triste é andar por andar
Ver tanta gente passar
E ter que continuar
Sem ter pra onde ir.


Poeta José Domingos

terça-feira, 20 de abril de 2010

*LA FOLIE OLD IS COOL*


Ela adora me fazer de otário
Para entre amigas ter o que falar
É a onda da paixão paranóica
Praticando sexo como jogo de azar
Uma noite ela me disse "quero me apaixonar"
Como quem pede desculpas a si mesmo
A paixão não tudo tem nada a ver com a vontade
Quando bate é o alarme de um louco desejo
Não dá para controlar, não dá
Não dá pra planejar
Eu ligo o rádio
E blá, blá, blá, blá, blá, blá
Eu te amo
Sua vida burguesa é um romance
Um roteiro de intrigas
Pra Fellini filmar
Cercada de drogas, de amigos inúteis
Ninguém pensaria que ela quer namorar
Reconheço que ela me deixa inseguro
Sou louco por ela e não sei o que falar
O que eu quero é que ela quebre a minha rotina
Que fique comigo e deseje me amar

RADIO BLÁ - LOBÃO

* Faltam palavras para agradecer a todos os amigos presentes na segunda edição da LA FOLIE, o sol raiou e a terra tremeu!
O sucesso dessa festa é essa energia imensurável.*

quarta-feira, 31 de março de 2010

Tempos Modernos


Esta tudo acabando
fora do lugar
desmoronando absurdos
tanta besteira obrigados a escutar

não temos mais tempo para compor
não temos mais paz para nos atrasar
chegar na hora pra onde? onde queremos chegar?

perdemos tempo com trabalho e estudo
políticas que nós temos que escutar
crueldade com nosso corpo
caminha por horizontes onde não desejas estar

lemos livros que não acrescentam
trabalhamos por comida e ódio
não podemos dizer não
aberrações engravatadas

tentam celar nosso destino
tentam empurrar caminhos
nos olham de cima
tem medo do que podemos contestar

literatura capitalista
quanto dinheiro podemos ganhar
quanta merda podemos roubar
quanto falta para se aposentar

sem tempo para os filhos
sem tempo para os amigos
sem tempo para as mulheres
sem tempo para o ócio criativo

até nossas drogas
que vinham nos procurar
não batem mais a nossa porta
temos que nos virar

quero um pesadelo macabro
sonoro marcado com sangue e morte
quero chorar de medo e descobrir meus erros

quero um chuveiro morno
tranquilo com amor e sorte
quero me matar de medo e rir
por que sorrir é tudo

quero zombar dos vizinhos
passar a noite na cochueira
me perder na floresta
e eu mesmo me achar antes que venham me interrogar

quero saber o que consumo
quero qualidade na ponta da lingua
não tenho tempo para provar

meus rascunhos vão ficando amarelados
sem tempo para editar
sem tempo para deixar rolar

nos meus desenhos
cores desbotadas
massacre contra a juventude

perda da inspiração
opaco triste sozinho
sem mar sem floresta sem sonhos
rodamoinhos

camisa de força mental
liberdade lisergia enclausurada frontal
esgoto de ideais
ratos sonoros perdidos em ruas úmidas

como queria correr e me suar
como queria morrer e ressucitar
como queria enlouquecer e junto com meus amigos brindar

brindar a derrota da hipocrisia
brindar as grandes poesias
brindar todo o tipo de argumento nefasto
amamentar a virgem com vinho tinto

fazer perder o senso do ridículo
jogar fora qualquer ato subtraido
poder jogar com fogo e gelo

poder cuspir nos que prégam
mostrar para os incrédulos
que essa é a receita da nossa sociedade

quero cuspir minha fumaça
fumaça do índio da tribo do crioulo
mas não sua fumaça negra das fábricas

somos obrigados a tragar sua fumaça
sem nenhum benefício
sem nenhuma viagem

somos obrigados a beber desta água
ela não é tratada
mas isso não importa

O que importa são as leis
que as fazem para burlar
o que importa é o dinheiro sujo que temos que aprender a ganhar

o que importa é o caixão, a cerimônia e o adorno de flores
não é o morto que não pode levantar
não pode dar seu último trago
na bebida ou no cigarro

e assim se despedir para sempre dos amigos que deixou
e não me venham falar de vida após a morte pois até que me provem
este sempre será o FIM

Bruno Campello Manes (30/03/2010)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Perspectiva


*Reflexão...*

“Dissecando os gastos públicos no Brasil, um economista descobriu barbaridades no Orçamento da União deste ano.
Por exemplo:
Considerada a despesa geral da Câmara, cada deputado federal custa ao país, diariamente, R$ 3.700. Ou R$ 1,3 milhão por ano.
Entre os senadores, a loucura é ainda maior, pois o custo individual diário pula para R$ 71.900. E o anual, acreditem, para R$ 26 milhões.
Comparados a outras "rubricas", os números beiram o delírio. É o caso do que a mesma União despende com a saúde de cada brasileiro - apenas R$ 0,36 por dia.
E, com a educação, humilhantes R$ 0,20. “

Ricardo Boechat

* Minima(na)lisar para maximizar...*

A brisa que entra por esta fresta, é inebriada do cheiro de frutas frescas deste fevereiro azul furtivo, porta aberta aos instintos, prazeres e paixões.
Parafraseando Gullar:

“Fevereiro é nascido com a morte certa
com prevista duração

A carne de fevereiro
tem o sabor suicida
de coisa que está vivendo
vivendo mas já perdida”

O fim do mês “trem das cores” alerta a chegada do movimento do progresso, de abafar vícios e deleites e adentrar o casulo.
As luzes néons trazidas por esta brecha de devaneio extasiante na memória pululante das festas mais gostosas e pecaminosas, das intermináveis noites dançantes, fumaça, transas e cachoeira.
Contudo o brilho no olhar reflete tanta profundidade que rompe o egocentrismo, vaidade, arrepia por ser ilimitado, brilho da transparência recuperada das cinzas do materialismo alegre e contagiante, de olhos que agora fitam o Futuro do Pretérito com palpite de que para tornar-se Futuro do Presente depende apenas desse momento.
É chegado o momento de tornar ao casulo, evoluir a minimalista dança dos átomos, movimentar corpo e alma de dentro para fora, auxiliando sem apego a embalar o todo em danças mais profundas e assim alçar vôos mais potentes, com asas Escarlates Incandescentes e acender solidamente flores e luzes e poder voltar a vagabundear borboleteando pelo jardim do jeito que se gosta.


Imagem: Vladimir Kush

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Pólen e flores.


A borboleta (Francis Ponge)
Quando o açúcar elaborado nos talos surge no fundo das flores, como em xícaras
mal lavadas - um grande esforço se produz em terra donde as borboletas imediatamente levantam vôo.
Mas como cada lagarta teve a cabeça vendada e enegrecida, e o torso definhado pela
verdadeira explosão de onde as asas simetricamente flamejam,
A partir de então a borboleta errática não pousa mais a não ser ao acaso de seu vôo,
ou quase isso.
Mecha volante, sua chama não é contagiosa. E aliás, ela chega demasiado tarde e
apenas pode constatar as flores abertas. Não importa: comportando-se com um acendedor
de lâmpadas, verifica a provisão de óleo de cada uma. Ela posa no alto das flores com os
trapos desajeitados que carrega e se vinga assim da longa humilhação amorfa de lagarta ao
pé dos talos.
Minúsculo veleiro dos ares maltratado pelo vento como pétala supérflua, ela
vagabundeia pelo jardim.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O que habita em mim habita em você


O tal - Ulisses Tavares

"Deuses existem vários
O teu o meu o dele
A cada um emprestamos
o que de melhor ou pior
Em nós de Deus ainda resta
Não há, pois espanto
Se nenhum Deus presta"

Excelente para recitar a primeira sexta oficial do ano.

Ah e uma dica de um lindo brinquedinho:
http://po-ex.net/

Foto: Fernando e magia Paralella.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Paradoxo da desigualdade no Brasil.


Desde a expedição Jesuíta a Vila de Jaguaripe em 1650 os habitantes e visitantes mais bem informados reconhecem que à caatinga do Alto Jiquiriçá, onde os rigores do semi-árido mostram até os dias de hoje um sertão castigado pelas estiagens, em altitudes que atingem até 1.000 metros.A aridez da região é compensada pela floresta estacional e as riquezas naturais no entorno do rio, o que atraiu muitos habitantes para região e o tornou uma das principais referências naturais.A floresta outrora com ocorrências bastantes fechadas está hoje totalmente descaracterizada pelos constantes desmatamentos e as águas outrora abundantes, parecem desaparecer a cada dia, deixando a região mais seca e menos exuberante.Há anos Os telefones públicos de Jaguaripe não funcionam a anos e os comerciantes e moradores da região sofrem com condições de limpeza precária e falta de luz. A situação socioeconômica destes Municípios é gravemente precária, com uma grande porção de sua população numa linha de pobreza que é evidenciada pelos dados censitários, que indicam que 9% dos responsáveis por domicílios não auferem nenhum rendimento e 78% têm rendimentos inferiores a dois salários mínimos.As atividades econômicas predominantes estão no campo, com uma agricultura frágil e escassamente rentável. A indústria é de pouca contribuição para o produto regional e a área de serviços ainda muito pequena. Destaca-se o crescimento do turismo nos últimos anos na região devido a seu patrimônio natural e cultural.
Os padrões de saúde e educação são baixos, sendo crítica a questão do
analfabetismo e da saúde. Com tristeza constata-se ainda,
na Bacia do Jiquiriçá, a existência de 110.000 analfabetos adultos.A bacia do rio Jiquiriçá vem sofrendo impactos ambientais de grande magnitude, sobre o solo, a vegetação, a fauna e os recursos hídricos. Pode-se considerar que seu quadro ambiental se caracteriza por um desgaste crescente dos recursos naturais, com a conseqüente deterioração de seus ecossistemas, decorrente de utilização de processos agropecuários inadequados, desmatamentos, com perda de biodiversidade, processo adiantado de erosão e perda de solos, reduzida disponibilidade de informação sobre o uso da água, instabilidade e desequilíbrio na regulação do balanço hídrico, economia extrativista, ausência de planejamento urbano e municipal, falta de infra-estrutura nos assentamentos urbanos, fragmentação da Administração Pública.
Em poucos dias mais de 15.000 pessoas impulsionadas pela proposta de “comemorar a vida, a sobrevivência da cultura alternativa e a riqueza de fazê-lo de forma poética através das artes” reuniram-se na paradisíaca Praia do Garcez localizada na região para a décima edição do Universo Paralello.
Voltamos essa semana de mais um festival, enebriadas pela riqueza de sons e diversidade que encontramos por lá com a certeza de que apesar dos pesares algo de poesia e unicidade ainda permanece nesse público psicodélico de cores tão gastas, o que muito me anima. É claro que a precária infra-estrutura foi péssima para o público que se sentiu enganado e revoltado, e talvez por algumas edições os organizadores desse festival, os heróis da resistência do trance, sintam o efeito da perda de público devido as condições submumanas de higiene que nós nos encontrávamos.Voltamos com inúmeras alergias de pele, infecções e também nos sentimos enganadas por não termos recebido nenhum retorno em termos de infra-estrutura por parte da organização da festa. Não vou discutir aqui soluções engenhosas para que aquele problema fosse revertido a tempo, pois esta ocupação deveria ter sido dos organizadores a tempo, e não foi feito. Agora só resta aos sobreviventes do perrengue como nós comemorarmos a perda de público do festival e torcer pra que fique cada vez mais vazio e quem sabe aos poucos não volte à origem da proposta. Eu continuo acreditando!Nem tão inocentemente assim, fiz uma coisa que nunca havia feito anteriormente por achar uma disputa de ego e auto afirmação tribal desnecessária: entrei em um desses fóruns de sites de música eletrônica para perceber as opiniões de calouros e veteranos sobre a batalha que foi sobreviver, aproveitar e transcender em meio aquelas precárias condições de higiene em que vivemos nesses dias.Enojada é o mínimo que posso definir o meu estado depois de ler tanta merda. Quanta gente babaca, pequena, manipulada pelas delimitações impostas pelas mídias sociais acerca da música eletrônica que ainda se amparam na crítica ao barulho do Skazi, Infected, GMS e 1200 mics pra se auto afirmarem entendedores de trance.Criticam a falta de estrutura buscando explicações conspiratórias acerca do descaso da produção neste festival reduzindo a comunidade da música eletrônica a um teatro mercenário a beira da falência. Sem falar naqueles que se denominam veteranos do trance e buscam a afirmação de sua tribo na oposição anarquista as novas idéias e aos festivais. “Isso eu não curto mais, já curti o que era bom, agora eu deixo festival para os novatos!” Tribo essa que no mínimo desconhece a história da música e o princípio básico que a renovação traz a prosperidade e resistência.Levantar a bandeira de “Eu já curti tudo que foi bom, hoje em dia é tudo lixo” É realmente tão orgástico a ponto de subverter a vontade musical? O egoísmo da disputa entre “os conhecedores da cena” nesse meio é tão latente que torna o nosso público cada dia mais ignorante e fragmentado. A onda é dizer que não somos mais “o público”.Acredito que esse pensamento pobre faz com que surjam esses delírios persecutórios que a onda dos tubarões do trance é realmente rir da cara do público sujo (ufa ainda bem que eu sou esperto e não sou “do público!”) e fedorento enquanto se banha em rios de ouro.
De forma alguma defendo a produção da festa, óbvio que rolou falta de planejamento.Ataco sem pudor a exploração da mão de obra local que trabalhou por 5 dias corrido sem banho, já falamos tanto de exploração por aqui...Mas quer saber? O cenário estrutural da festa era realmente incrível. A experiência psicodélica virando experiência real de vida, ver a galera endinheirada virar índio cagar no mato, pagar pra tomar banho para uma população que toma banho de gelo a meses, não teve preço ver o sorriso bilontra da população em capitalizar a água subvertendo as regras impostas pelos organizadores em nome do mínimo de ordem no caos, vendendo a água que eles mesmo não usam.Isso sim é psicodelia ativa. Por alguns momentos o nosso público com triste histórico usurpador foi participante da realidade local do que era pra ser apenas “mais um playground”. E na volta a realidade da tragédia em Angra e Duque de Caxias.Na enchente de Angra em 2002 meu pai e a sua família perderam tudo e resolveram abandonar a região do Perequê sob promessas da administração local que a situação das construções ilegais dos milionários seria regularizada e a população não mais sofreria tanto com as mudanças climáticas. A esperança virou lama no dia 31 de Dezembro de 2009.Os deslizamentos de terra que nos últimos dias mataram mais de 40 pessoas em Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro, afetaram tanto os mais ricos - que trouxeram elegância e fama à cidade e a suas centenas de ilhas na década de 80 atraídos pelos recursos do petróleo e do turismo na região Os ricos ocupam os morros dali tanto quanto os pobres. Moradores denunciam que, além da condição social, o tratamento também tem sido diferente em meio à crise. Na manhã deste sábado (2) as equipes de resgate localizaram mais corpos na região do deslizamento que atingiu a pousada Sankay, na praia do Bananal, em Ilha Grande, distrito de Angra dos Reis. Com isso, o número de mortos na área, onde os trabalhos não pararam desde o incidente da madrugada de ontem, avançou para 28.
Já no morro da Carioca, parte pobre da área continental da cidade, 13 mortos foram encontrados. Ali, no entanto, os trabalhos foram interrompidos durante a noite e retomados na manhã deste sábado. Apesar das críticas dos moradores, o Corpo de Bombeiros informou que interrompeu as buscas por conta de risco de novos deslizamentos na região ocupada principalmente por migrantes atraídos por recursos do petróleo e do turismo. Além do sofrimento de verem todos os seus bens virar lama e reconhecer entes queridos no IML a população ainda tem que lidar com um tratamento extremamente diferenciado no resgate de pobres e ricos.
Mudando não tanto de assunto,hoje nossa família está de luto pela desgraça dos que nasceram pretos nesse país hipócrita e miserável.A nossa justiça não tem espaço para avaliar pessoas dignas e puras, sobrou pra gente neste início de ano a perplexidade da escória social em que vivemos. Com coração estraçalhado eu torço com todas as minhas forças, como mamãe se envergonharia se soubesse, que sejam punidos com a justiça da malandragem (pq na divina ta difícil de acreditar) todos os mentirosos e aproveitadores que de alguma forma compactuaram com a situação suja e criminosa a que me refiro e da qual só quem ta junto sabe.E que permaneça assim.