Mostrando postagens com marcador Francis Ponge. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Francis Ponge. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Pólen e flores.


A borboleta (Francis Ponge)
Quando o açúcar elaborado nos talos surge no fundo das flores, como em xícaras
mal lavadas - um grande esforço se produz em terra donde as borboletas imediatamente levantam vôo.
Mas como cada lagarta teve a cabeça vendada e enegrecida, e o torso definhado pela
verdadeira explosão de onde as asas simetricamente flamejam,
A partir de então a borboleta errática não pousa mais a não ser ao acaso de seu vôo,
ou quase isso.
Mecha volante, sua chama não é contagiosa. E aliás, ela chega demasiado tarde e
apenas pode constatar as flores abertas. Não importa: comportando-se com um acendedor
de lâmpadas, verifica a provisão de óleo de cada uma. Ela posa no alto das flores com os
trapos desajeitados que carrega e se vinga assim da longa humilhação amorfa de lagarta ao
pé dos talos.
Minúsculo veleiro dos ares maltratado pelo vento como pétala supérflua, ela
vagabundeia pelo jardim.