quinta-feira, 4 de agosto de 2011

CAINDO AS MASCARAS


Aquele que alicerça as amizades em fofocas ou boatos, não é digno de tê-las, pois seu caráter é como terreno movediço. Se perdeste por pouco um amigo, sinal que jamais o teve.

"Amizade, sentimento tão bonito e essencial quando verdadeiro. Amizade, sentimento perigoso e prejudicial quando desleal. Amizade por interesse, por conveniência, acaso ou o que for, simplesmente não é amizade, não é amor. Porque amizade verdadeira, amizade que preze, não se deixa questionar. Amizade falsa, dolorida e oscilante sofre qualquer abalo e jamais recupera a estrutura – até porque, nunca a teve. Amizade leal e gostosa é aquela que todos sabemos, que todos sentimos. A falsa amizade também. Infelizmente. Quem nunca provocou, já foi provocado e vice-versa. Quem nunca sofreu por amizade, já fez sofrer algum ‘amigo’. Aposto! Pois a falsa amizade é assim: nasce como a verdadeira, é mantida como a leal, traz sorrisos como a saudável e termina com lágrimas, dor e sentimento de culpa. Culpa do eu, do sofrido, do crédulo e do inocente. Culpa de quem acreditou, sentiu, apostou, viveu e viu morrer um sentimento que nutria sozinho. E não adianta buscar motivos, pedir respostas e julgar ao próximo. Melhor deixar passar, relevar e acreditar que a vida – lá na frente – fará o melhor. De si e para si. Pois a vida e o tempo, esses sim revelam as falsas amizades e fazem manter os verdadeiros sentimentos. Sentimentos de amizade e amor que jamais terão fim."

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O início do fim


"As atividades rotineiras e repetitivas habituam e moldam o corpo, condicionando musculaturas atrofiando possibilidades. Convencendo-nos de que não podemos
executar esse ou aquele movimento, que somos incapazes, insuficientes e
inabilitados. Se nos submetemos a essa mecanização, abrimos mão de ampliar espaços, de ousar e de experimentar o novo, o não-conhecido e o não-dominado."
Do gênio Augusto Boal

Que em 2011 a gente faça mais que prometa.Honestidade, pureza de espírito, união e paz.
Olhares sinceros e menos gargalhadas sem graças.

Scissor sister Invisible Light : assistam____

Que a Bahia nos traga boas surpresas como sempre! AXÉ!
Imagem : Do pop e não menos gênio Banksy.

terça-feira, 8 de junho de 2010

A luz dourada e a raposa.


Ano passado quando ouvi "Solid Gold" pela primeira vez e saí a caça de informações da autoria desse Disco ultra dançante de melodia quase espiritual (NOOOSSA!) fui salva pelo Rraurl como de costume, mas continham apenas uns comentários bem esparsos dos "grandesentendedoresdesom" disputando quem tinha ouvido primeiro como de costume. Assim que estreiou o single, maior mistério, ninguém sabia da onde vinha o som, qual era da banda, qual era daquela loura de patins da capa. Especulações e marketing viral a parte, a maquiavélica loura botou a cara e incendeou as pistas de dança pelo mundo (tocaram na Clash em SP ano passado!)com essa voz angelical, som do mau, pop, melódico, vintage... Acho "neo-disco" uma redução sem tamanho, tudo no Brasil que não se sabe definir e se acredita superando algo ganha um prefixo limitado que sugere movimento sequencial. Será que o "neoconstrutivismo" de Ferreira Gullar foi de alguma forma inspirado pelo construtivismo de Waldemar Cordeiro?Sem mais abstrações que nada tem a ver com o assunto: Meninas más dos anos 90, afastem os móveis e curtam o álbum de estréia do Golden Filter Völuspá!
...
E o LCD? Quando sai "This is happening" afinal? Estratégia de marketing, ou realmente é o último?
Tantas especulações bem menos importantes que a alma do negócio: músicas como Drunk girls me dão saudade de muitos bons momentos com os meus amigos!

"...
(Drunk girls)
Drunk girls are like a night of simplicity
(Drunk girls)
They need a lover who is smarter than me
(Drunk boys)
Drunk boys, we walk like pedestrians
(Drunk girls)
Drunk girls wait an hour to pee
..."

domingo, 25 de abril de 2010

SÃO PAULO FIM DO DIA


São Paulo fim do dia

São Paulo fim do dia
Portas que se fecham
Luzes que se acendem
Mãos que se despedem
Olhares que prometem
Coisas que acontecem
Porque tem que acontecer

Gente buscando casa
Gente buscando gente
Gente buscando nada
Vejo cinco continentes
Pisando a mesma calçada
O aglomerado constante
Dessa massa que se agita
Faz ainda mais bonita minha cidade gigante

São Paulo dos doutores
São Paulo dos marginais
São Paulo dos feirantes
dos intelectuais
São Paulo das mariposas
São Paulo do operário
do camelô
do vagabundo
do society
da favela
Misturas que fazem dela
A maior terra do Mundo

São Paulo fim do dia
e a rotina continua
Gente empurrando gente
a cada palmo de rua
Aqui uma cotovelada
Mais adiante é um empurrão
Uma mulher desesperada gritando:
"Pega ladrão!"
É o farol que não abre
É a sinfonia das buzinas
É o jornaleiro que grita:
"Olha a manchete do dia
Sequestraram uma menina!"

Mais adiante uma fechada
Alguem entrou na contra-mão
E sempre que isso acontece
Pode esperar que não passa
A gente assiste de graça
o festival do palavrão
Mas essa é a hora feliz
Do regresso para o lar
Cada um mais apressado
No desejo de chegar à mansão
ao apartamento, à casinha na viela
ao barraco de zinco
pendurado na favela
O pensamento é um só:
"Chegar, chegar"

Os contrastes são berrantes
na multidão dos sozinhos
Quem não viu nao acredita
Chega até ser bonita
a demanda dos caminhos
Enquando um vai de subúrbio
Da cenrtal, da cantareira
e faz a viajem inteira
mal podendo respirar,
O outro, carro importado
A bela gata do lado
O ar condicionado
Som, champagne, caviar
Gente que vai de gálata,
de Dart, opala, corsel,
de fusca, pé-de-cabra,
lambreta bicicleta

Cada um vai do jeito que pode
Gente que vai de taxi,
onibus, lotação
Gente que vai à pé
batendo sola no chão
Não que se tenha vontade
Coisas da necessidade
De que ficou sem nenhum
Nem mesmo pra condução
Mas nada disso importa
O importante é chegar
Quando se tem na chegada
um motivo pra sorrir
Triste é andar por andar
Ver tanta gente passar
E ter que continuar
Sem ter pra onde ir.


Poeta José Domingos

terça-feira, 20 de abril de 2010

*LA FOLIE OLD IS COOL*


Ela adora me fazer de otário
Para entre amigas ter o que falar
É a onda da paixão paranóica
Praticando sexo como jogo de azar
Uma noite ela me disse "quero me apaixonar"
Como quem pede desculpas a si mesmo
A paixão não tudo tem nada a ver com a vontade
Quando bate é o alarme de um louco desejo
Não dá para controlar, não dá
Não dá pra planejar
Eu ligo o rádio
E blá, blá, blá, blá, blá, blá
Eu te amo
Sua vida burguesa é um romance
Um roteiro de intrigas
Pra Fellini filmar
Cercada de drogas, de amigos inúteis
Ninguém pensaria que ela quer namorar
Reconheço que ela me deixa inseguro
Sou louco por ela e não sei o que falar
O que eu quero é que ela quebre a minha rotina
Que fique comigo e deseje me amar

RADIO BLÁ - LOBÃO

* Faltam palavras para agradecer a todos os amigos presentes na segunda edição da LA FOLIE, o sol raiou e a terra tremeu!
O sucesso dessa festa é essa energia imensurável.*

quarta-feira, 31 de março de 2010

Tempos Modernos


Esta tudo acabando
fora do lugar
desmoronando absurdos
tanta besteira obrigados a escutar

não temos mais tempo para compor
não temos mais paz para nos atrasar
chegar na hora pra onde? onde queremos chegar?

perdemos tempo com trabalho e estudo
políticas que nós temos que escutar
crueldade com nosso corpo
caminha por horizontes onde não desejas estar

lemos livros que não acrescentam
trabalhamos por comida e ódio
não podemos dizer não
aberrações engravatadas

tentam celar nosso destino
tentam empurrar caminhos
nos olham de cima
tem medo do que podemos contestar

literatura capitalista
quanto dinheiro podemos ganhar
quanta merda podemos roubar
quanto falta para se aposentar

sem tempo para os filhos
sem tempo para os amigos
sem tempo para as mulheres
sem tempo para o ócio criativo

até nossas drogas
que vinham nos procurar
não batem mais a nossa porta
temos que nos virar

quero um pesadelo macabro
sonoro marcado com sangue e morte
quero chorar de medo e descobrir meus erros

quero um chuveiro morno
tranquilo com amor e sorte
quero me matar de medo e rir
por que sorrir é tudo

quero zombar dos vizinhos
passar a noite na cochueira
me perder na floresta
e eu mesmo me achar antes que venham me interrogar

quero saber o que consumo
quero qualidade na ponta da lingua
não tenho tempo para provar

meus rascunhos vão ficando amarelados
sem tempo para editar
sem tempo para deixar rolar

nos meus desenhos
cores desbotadas
massacre contra a juventude

perda da inspiração
opaco triste sozinho
sem mar sem floresta sem sonhos
rodamoinhos

camisa de força mental
liberdade lisergia enclausurada frontal
esgoto de ideais
ratos sonoros perdidos em ruas úmidas

como queria correr e me suar
como queria morrer e ressucitar
como queria enlouquecer e junto com meus amigos brindar

brindar a derrota da hipocrisia
brindar as grandes poesias
brindar todo o tipo de argumento nefasto
amamentar a virgem com vinho tinto

fazer perder o senso do ridículo
jogar fora qualquer ato subtraido
poder jogar com fogo e gelo

poder cuspir nos que prégam
mostrar para os incrédulos
que essa é a receita da nossa sociedade

quero cuspir minha fumaça
fumaça do índio da tribo do crioulo
mas não sua fumaça negra das fábricas

somos obrigados a tragar sua fumaça
sem nenhum benefício
sem nenhuma viagem

somos obrigados a beber desta água
ela não é tratada
mas isso não importa

O que importa são as leis
que as fazem para burlar
o que importa é o dinheiro sujo que temos que aprender a ganhar

o que importa é o caixão, a cerimônia e o adorno de flores
não é o morto que não pode levantar
não pode dar seu último trago
na bebida ou no cigarro

e assim se despedir para sempre dos amigos que deixou
e não me venham falar de vida após a morte pois até que me provem
este sempre será o FIM

Bruno Campello Manes (30/03/2010)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Perspectiva


*Reflexão...*

“Dissecando os gastos públicos no Brasil, um economista descobriu barbaridades no Orçamento da União deste ano.
Por exemplo:
Considerada a despesa geral da Câmara, cada deputado federal custa ao país, diariamente, R$ 3.700. Ou R$ 1,3 milhão por ano.
Entre os senadores, a loucura é ainda maior, pois o custo individual diário pula para R$ 71.900. E o anual, acreditem, para R$ 26 milhões.
Comparados a outras "rubricas", os números beiram o delírio. É o caso do que a mesma União despende com a saúde de cada brasileiro - apenas R$ 0,36 por dia.
E, com a educação, humilhantes R$ 0,20. “

Ricardo Boechat

* Minima(na)lisar para maximizar...*

A brisa que entra por esta fresta, é inebriada do cheiro de frutas frescas deste fevereiro azul furtivo, porta aberta aos instintos, prazeres e paixões.
Parafraseando Gullar:

“Fevereiro é nascido com a morte certa
com prevista duração

A carne de fevereiro
tem o sabor suicida
de coisa que está vivendo
vivendo mas já perdida”

O fim do mês “trem das cores” alerta a chegada do movimento do progresso, de abafar vícios e deleites e adentrar o casulo.
As luzes néons trazidas por esta brecha de devaneio extasiante na memória pululante das festas mais gostosas e pecaminosas, das intermináveis noites dançantes, fumaça, transas e cachoeira.
Contudo o brilho no olhar reflete tanta profundidade que rompe o egocentrismo, vaidade, arrepia por ser ilimitado, brilho da transparência recuperada das cinzas do materialismo alegre e contagiante, de olhos que agora fitam o Futuro do Pretérito com palpite de que para tornar-se Futuro do Presente depende apenas desse momento.
É chegado o momento de tornar ao casulo, evoluir a minimalista dança dos átomos, movimentar corpo e alma de dentro para fora, auxiliando sem apego a embalar o todo em danças mais profundas e assim alçar vôos mais potentes, com asas Escarlates Incandescentes e acender solidamente flores e luzes e poder voltar a vagabundear borboleteando pelo jardim do jeito que se gosta.


Imagem: Vladimir Kush