quarta-feira, 31 de março de 2010
Tempos Modernos
Esta tudo acabando
fora do lugar
desmoronando absurdos
tanta besteira obrigados a escutar
não temos mais tempo para compor
não temos mais paz para nos atrasar
chegar na hora pra onde? onde queremos chegar?
perdemos tempo com trabalho e estudo
políticas que nós temos que escutar
crueldade com nosso corpo
caminha por horizontes onde não desejas estar
lemos livros que não acrescentam
trabalhamos por comida e ódio
não podemos dizer não
aberrações engravatadas
tentam celar nosso destino
tentam empurrar caminhos
nos olham de cima
tem medo do que podemos contestar
literatura capitalista
quanto dinheiro podemos ganhar
quanta merda podemos roubar
quanto falta para se aposentar
sem tempo para os filhos
sem tempo para os amigos
sem tempo para as mulheres
sem tempo para o ócio criativo
até nossas drogas
que vinham nos procurar
não batem mais a nossa porta
temos que nos virar
quero um pesadelo macabro
sonoro marcado com sangue e morte
quero chorar de medo e descobrir meus erros
quero um chuveiro morno
tranquilo com amor e sorte
quero me matar de medo e rir
por que sorrir é tudo
quero zombar dos vizinhos
passar a noite na cochueira
me perder na floresta
e eu mesmo me achar antes que venham me interrogar
quero saber o que consumo
quero qualidade na ponta da lingua
não tenho tempo para provar
meus rascunhos vão ficando amarelados
sem tempo para editar
sem tempo para deixar rolar
nos meus desenhos
cores desbotadas
massacre contra a juventude
perda da inspiração
opaco triste sozinho
sem mar sem floresta sem sonhos
rodamoinhos
camisa de força mental
liberdade lisergia enclausurada frontal
esgoto de ideais
ratos sonoros perdidos em ruas úmidas
como queria correr e me suar
como queria morrer e ressucitar
como queria enlouquecer e junto com meus amigos brindar
brindar a derrota da hipocrisia
brindar as grandes poesias
brindar todo o tipo de argumento nefasto
amamentar a virgem com vinho tinto
fazer perder o senso do ridículo
jogar fora qualquer ato subtraido
poder jogar com fogo e gelo
poder cuspir nos que prégam
mostrar para os incrédulos
que essa é a receita da nossa sociedade
quero cuspir minha fumaça
fumaça do índio da tribo do crioulo
mas não sua fumaça negra das fábricas
somos obrigados a tragar sua fumaça
sem nenhum benefício
sem nenhuma viagem
somos obrigados a beber desta água
ela não é tratada
mas isso não importa
O que importa são as leis
que as fazem para burlar
o que importa é o dinheiro sujo que temos que aprender a ganhar
o que importa é o caixão, a cerimônia e o adorno de flores
não é o morto que não pode levantar
não pode dar seu último trago
na bebida ou no cigarro
e assim se despedir para sempre dos amigos que deixou
e não me venham falar de vida após a morte pois até que me provem
este sempre será o FIM
Bruno Campello Manes (30/03/2010)
Marcadores:
caixão,
filhos,
índio,
inspiração,
livros.,
poesia,
rascunho,
tempos modernos,
vida
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário