quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Neruda morreu de tristeza?


"Esperemos
Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-noscom uma laranja
ou assassinar-nos de imediato."

"Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar. Somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma esplêndida felicidade."

Para manter na saliva o gosto de sangue e chama, regar a orquídea selvagem plantada em nosso peito,para provocar oscilações de alta freqüência em nossa alma fantasmagórica.Para ressucitar-nos de nossos falecimentos diários diante de um horizonte tão largo quanto opaco e fétido, medíocre. Para acreditarmos em opções coletivas ainda que pertencendo a esse mesquinho formigueiro, para entendermos a America Latina além das possibilidades limitadas do Mercosul, para que possamos nos fortalecer, mas não percamos a ternura.
Para lembrarmos que alguns países da América Latina traçaram uma história de combate, de coletividade, e alguns pensadores olharam por seus índios.
Para revivermos poesia: Pablo Neruda.
-Para historicizar : "Machuca"
-Para aplaudir: "Rock and Roll" Tom Stoppad
-Para pertencer : Novos Bahianos / Tom Zé
-Para esquecer : Digitalism / The Doors
-Para manter acesa a esperança : Marina Silva
Copiando e colando.
*Gilberto Gil participará do RIP que será exibido no Festival do Rio e levantará questões sobre a pirataria e as mídias sociais. Dele : "O compartilhamento é a alma da criação"*

Um comentário:

  1. Que bom é encontrar tanta beleza em uma manhã de setembro no espaço virtual!!!
    Parabéns pela sensibilidade da escolha e, claro, do bom gosto.
    Este foi o poeta de meus tempos de UERJ... e que sempre me acompanhou.
    Bjs em tod@s e SUCESSO !!!

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