terça-feira, 28 de julho de 2009

Por falar em poesia - Poema da foda

"Neste Brasil imenso
Quando chega o verão,
Não há um ser humano
Que não fique com tesão.
É uma terra danada,
Um paraíso perdido.
Onde todo mundo fode,
Onde todo mundo é fodido.
Fodem moscas e mosquitos,
Fodem aranha e escorpião,
Fodem pulgas e carrapatos,
Fodem empregadas com patrão..
Os brancos fodem os negros
Com grande consentimento,
Os noivos fodem as noivas
Muito antes do casamento.
General fode Tenente,
Coronel fode Capitão..
E o presidente da República
Vive fodendo a nação.
Os freis fodem as freiras,
O padre fode o sacristão,
Até na igreja de crente
O pastor fode o irmão...
Todos fodem neste mundo
Num capricho derradeiro.
E o danado do Dentista
Fode a mulher do Padeiro.
Lula depois de eleito se tornou um fudedor
Fode a Marisa, o PT e até o trabalhador,
O senador fode o deputado
Que fode o eleitor.
Parece que a natureza
Vem a todos nos dizer,
Que vivemos neste mundo
Somente para foder.
E você, meu nobre amigo
Que agora está a se entreter,
Se não gostou da poesia
Levante e vá se foder!!!"
Autor desconhecido

*Por Paulinha*

SP, mesmo cinzenta também é Brasil.A massa comprovou de perto, que é uma cidade de foder!Por trás das largas avenidas e da solidão cinzenta dos automóveis o espectro de cores brasileiras matizam o cenário da juventude transviada, travestida em um Brasil desconexo à sua realidade a sua identidade de natureza e a miséria de falta de ordem e autoridade. SP travestida de cidade de primeiro mundo, a periferia grita sua mixagem nesse cenário inventado na cidade com mais de 19 milhões de habitantes solitários, abraçados e fodidos pelo tesão da megalópole.Cidade nem lá nem cá. E essa falta de equilíbrio é simplesmente deliciosa.De foder!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A poesia não morreu.

A poesia não morreu, ela é pulsante em nossos abraços ainda que curtos e gélidos, ela vive em nossos beijos, nosso choro e no que restou de nossa solidariedade.
A poesia é velada em cada recordação dos curtos momentos que tivemos em contato com a nossa essência, com as outras dimensões do cosmo, com o livro dos mortos.
A poesia vive ainda na chama que mantemos acesa de nossos cafonas ídolos pré-datados, do soul, blues e vinil.
O Rock é um patrimônio fatalista, que seus amantes e suas gerações de ouro, não se esforçam por mantê-lo vivo.
A hegemonia da arrogância e vaidade, conduziu o Rock a nostalgia cadavérica, aquela velha história de “tudo o que é genuinamente bom e reflexivo, não se produz mais, ahhh aqueles bons tempos do rock...Não voltam mais.”. Os amantes do Rock, foram conduzidos feito marionete pelas artimanhas do sistema, difusor das mídias pop instantâneas, assim como a nossa política.
Desde a luta pela difusão da Social Democracia e os movimentos de guerrilha como Castrismo e Guevarismo, últimos suspiros da geração revolucionária, o Movimento Estudantil e a militância, atenderam aos objetivos maniqueístas do neo-liberalismo ascendente.
A consciência ativa e revolucionária foi dissipada pelas artimanhas da economia capitalista. No processo de condução do pensamento de luta ao fatalismo histórico, palavras como revolução, socialismo x liberalismo, foram obscurecidas como ideologias arcaicas e inúteis. O cenário fétido e artificial em que está enraizada a nossa democracia, contribui para dispersar nesse mar de tecnologia e informação, a formação das celebridades instantâneas, empoeirando nossos livros, discos, ídolos, nosso blues e nossa música experimental.
Em meio aos ventos da democracia neo-liberal, podemos sentir uma brisa sutil mobilizando nossa esperança estagnada, fedida a naftalina.A iluminação vem acompanhada de trilha sonora e propagandas megalomaníacas, exaltando com criatividade a liberdade perniciosa da –falta de –representatividade, pacotões de salvamento financeiro e social, inclusão e acesso a democratização, financiados com dinheiro do governo (meu, teu, nosso) criando a falsa ilusão de mudança de caráter do sistema. O que esquecemos com freqüência é que o capitalismo sempre se apoiou na intervenção estatal para recuperar-se de crises (historicamente cíclicas enquanto vingar o sistema) e que na lógica contemporânea, tapar buracos deixados pela exclusão social e especulação financeira crônicas do sistema com dinheiro público é legal.Idem sustentar a mamata dos órgãos públicos.
Após um breve e superficial panorama, com o intuito de interligar : fatalismo político ao fatalismo ideológico (e óbvio, tendencial, musical, artístico, poético) podemos voltar ao Rock and Roll.
Talvez sejam precisos diversos artigos a fim de tornar esses apontamentos de uma pseudo-ouvinte, pseudo-antenada, pseudo-manipulada, um pouco mais claros, pois afinal quando a inspiração vem a tona, não sei bem mais quem eu sou.
Ora, se a superficialidade não fosse, gostosa e a alienação não fosse viciante, a estagnação não vingaria e lá estaríamos nós construindo jornais subversivos e incorporando organicamente o movimento estudantil, ouvindo Jim Connel, Luis Cilia, Martin Whelan, Silvio Rodriguez, Carlos Puebla, ou melhor, os marxistas e as tribos underground, permitiriam abrir-se a novos ídolos.
Acredito que uma pitada de superficialidade e artificialidade, dá um gás de antinomia necessário a intelectualidade. Prefiro um papo leve, conversas profundas e sem máscaras, sobre sentimentos sim, e não apenas ideologia e política, prefiro madrugadas entorpecidas e dançantes, que apodrecer solitária em meu gabinete de vaidade política e militante. Que uma certa superficialidade sustente a falta de hipocrisia e máscaras sociais, a fim de que prevaleça a verdade do que somos, humanos em decomposição, que venha dosada, antropológica, verdadeira, brilhante e intensa, para que cegue o olhar julgador dos pseudo-cult, pseudo-marxistas, rastafari, dread lock, alternativos, letrista, literatas ou pseudo-intelectuais. Não sou hipócrita a ponto de ignorar minha artificialidade que produz a contradição necessária para ser quem eu sou, a loucura, luxúria e intelectualidade suicida e hiper-link que marcam a minha geração.
Acredito na economia moral de Thompson, acredito na virada conservadora que tornou a academia direitista e artificial, acredito na consciência revolucionária.Não acredito que 200 anos de pensamento iluminista e o brilhantismo do pensamento marxista possa ser reduzido a mecanicismo, linear positivista.
Porém não por isso, sustento visões românticas e arcaicas das hierarquias sociais e confesso, sou igual a você. Não acredito na militância esquerdista brasileira, na política tampouco.Ora! Sarney é presidente do Senado, Collor (nosso populista em ação! O proto-fascismo não morreu!) é senador e os Srs. Maluff e Edmar Moreira, obviamente como todo mundo na nossa política-mãe serão absolvidos. Cabe lembar que essa “justiça-mãe” para políticos e endinheirados é uma questão internacional! Brasileiros, nos privemos da mea-culpa, até Idi Ammim Dada Cumee foi absolvido pela história, com 100 mil mortes de legado em seu governo e alguns cadáveres na geladeira, tudo em nome da “paz internacional” que vivemos! As guerras têm te atingido? Nem a mim! Então: Vivemos em paz!
Do que reclamamos? Ainda temos o tráfico para nos anestesiar, eu compro o meu bagulho e na seqüência perco meu carro e um filho desfigurado por um tiro de fusil, compro minha pastilha de extasy e danço a noite toda como se a minha mentalidade bilontra, pudesse recuperar a solidariedade social extinta, e para os marginais: a cracolândia a menos de 1km da prefeitura de Sp. É a anestesia narcótica cristalizada e instituída, e inchando os cofres públicos de propina. Quer melhor opção?
José Murilo de Carvalho ao publicar seu clássico “Bestializados ou Bilontras” atingiu um grau de contemporaneidade incomparável. As atitudes das massas, principalmente de escravos libertos diante da transição Monarquia-república, era encarada como bestializada, mas a micro-história e suas especificidades, comprova que a melhor palavra seria Bilontra.Conformados que a estrutura excludente seria perpetuada e as “mudanças” eram mais uma forma das novas elites em ascendência impor uma ruptura inexistente com o antigo sistema rumo a “modernidade”, as massas seguem conformadas, mas nunca alienadas ou de olhos vendados a lama e sujeira que escoa das lacunas hipócritas e frágeis da política.Economia moral em ação.
Esse era o ponto que eu queria chegar. Herdeiros do tráfico, da decadência das gravadoras desnudas diante da pirataria, nossa geração hiper-link, é facilmente apontada como artificial, estagnada, culpada por todas as maledicências do caos de identidade, representatividade, violência crônica e estagnação que se instalou. Observadores desatentos, apontam nossa culpa na pirataria e na morte do blues, vitrolas, jazz, bossa, rock e afins e não percebem que a música continua, assim como a poesia.Ela está viva, transfigurada, ativa e circulante.
Nossos avôs da mpb catores-compositores-sofistas-dramaturgos-poetas, e do velho Rock-and-Roll, provavelmente não percebem ao nos intitular como “geração pirata” que a nossa intelectualidade, ideologia e refinamento musical estão ativos e fluindo. A música e a política flui em nossos I-pod, conversas vagabundas no Teles, nos becos, nas favelas, no Proibidão e no baile funk, nos sambas e Universidade, batalhamos pela nossa música ainda que pirateada e ilegal. Procuramos obsessivamente por nossos ídolos na rede e sim disponibilizamos e democratizamos esse acesso, solidariedade social furando os bloqueios do capitalismo.
Promovemos os nossos debates boêmios e vagabundos, difundimos nossas idéias conformistas e suicidas, mas com um tempero “bilontra” e claro revolucionário. A consciência política universitária existe, ainda que nossa Universidade seja vendida e a pesquisa acadêmica se concentre nas Universidades públicas, idem ao movimento (??) estudantil (PSTU??) - se a sua faculdade ainda é pública e você está vivo, não foi estuprado ou assaltado ou um pedaço do teto ainda não caiu sobre a sua cabeça, não cante glórias, em poucos anos ela será privatizada também - ainda que seja propagandeada a ilusão do governo com a democratização do acesso as universidades públicas promovendo o “escolão”. Nós a geração do “escolão” nos diferenciaremos pela nossa curiosidade suicida, que nos conduzirá para o além despido de hipocrisia e um abismo incerto de mágoas, intelectualidade vagabunda e revolta.
Enfim, ao contrário do que você imaginava e desejava para sustentar a vaidade de sua geração de ouro, a música flui e a poesia também. E não limitamos a quase extinta arte e poesia através de julgamentos intelectualóides, deixamos fluir, sem muito julgamento ensaiando o que seria a democracia verdadeira.Nem por isso não atentamos para a fragilidade das celebridades instantâneas e da música de mecânica e construída por empresários capitalistas.
Somos a geração da música eletrônica, a geração da informação inútil, das celebridades instantâneas, dos reality shows, do mensalão, do descrédito na Petrobrás e no Nacional Desenvolvimento com o meu e o seu dinheiro do “escolão” (Pro-uni) que irá conduzir a escola e faculdade pública e particular pro mesmo buraco negro do bolso do empresariado, capitalizando o ensino.
Somos a geração da música eletrônica e assim como o seu tio e seu vizinho, financiamos o tráfico, somos piratas da música e da mídia, sustentamos o capitalismo e a Era dos Impérios, o luxo e a superficialidade.
Somos a geração da música eletrônica e aprendemos com os amantes do Rock a falar mal de nossas festas e a achar que poderíamos ter produzido de melhor em termos de experiências solidárias, lisergia, e experiência musical, está restrito as primeiras festas dos anos 90 e que o Disco e o Funk Melody representam bem nosso olhar fatalista e mesquinho, de que aquilo sim eram noites dançantes, anos 80, noites pretas com branco.
Aprendemos a falar mal de nossos festivais e oprimir experiências transcendentais das novas gerações e bradar por todos os cantos que a fragmentação e seleção de um grupo esperto e dirigente é condizente com a realidade seletiva e limitada que vivemos, afinal hoje em dia só se constrói porcaria.
Mas na nossa individualidade, no nosso I-pod, em nossos “clubinhos” aristocratas, nos permitimos escutar música boa, novas e velhas produções, grooves surpreendentes, sintetizadores instrumentais de alto nível. Sim! Música eletrônica experimental e orgânica, acid-jazz, tribal e outras psicodelias inteligentes, criativas e inspiradoras. Quando retornamos a alguma festa ou festival, deixamos por alguns momentos o julgamento de lado e cochichamos uns aos outros que ainda se ouve coisa boa por aí. Em algum momento dançamos desconectados, se não apenas pelos Chacras e livres, verdadeiramente puros, inspirando movimento e sombra, potencializando e catalisando as lindas afirmações do Calendário da paz, sendo criança e índio, percebendo as divindades no olhar dos amigos, inimigos, estrangeiros e vagabundos, na chuva, nas ocas e na terra. Lembramos em comunhão do livro dos mortos que as lágrimas serão o conforto da experiência cósmica que ainda experimentamos.
Nas nossas festas ainda dançamos por horas sem dizer uma única palavra, mas guardamos cada bit sonoro e atentamos a cada sintetização e a cada virada, e a música se renova a cada minuto nas nossas mentes, pela nossa dança e pela nossa palavra. Diante do barulho construo poesia suicida e assim como Jim, penso na hora da magia, do silencio e barulho, da dança de candomblé, em matar, em política e em foder, penso e sorrio, pois sei que meus amigos estão ouvindo, com o coração e percebendo os saltos da minha imaginação, exercendo a criatividade telepática que a sociedade urbana julga extinta.
Pertencemos a geração da música eletrônica, ouvimos boa música, lemos bons livros, vejo excelentes filmes (“Ôrí está no cinema, não apenas novelinhas da Globo em formatos de longa) assistimos a boas peças de teatro, apesar de você julgar-nos pela nossa artificialidade aparente, e pela nossa forma “bilontra” de dançar por horas a fio sem dizer uma única palavra. Somos curiosos e piratas, atentos não apenas aos nossos discos empoeirados e ídolos pré-datados, mas ao que há de novo, o que sobrevive de bom em nossas festas e nossa música, ao que pode ser filtrado pela nossa pirataria investigativa, o que pode ser construído ainda sob o cenário de nossas festas e festivais, o que vem do morro e da favela, o que vem de fora do país.
Pertenço a geração que constrói a filosofia telepática e individual e difunde por meio da dança e expressão do movimento e da alma, com a certeza que a revolução que queremos começa internamente e é difundida pacificamente pela solidariedade e relacionamento.
Por mais que os olhos se fechem para estes fatos, não podem encobrir que as festas universitárias de música eletrônica são o principal cenário da subversão no Irã e meio de estratégia e mobilização do movimento estudantil em oposição a Ahmadinejad .
Apesar deste desorganizado manifesto, você continuará nos vendo como fantoches artificiais, como geração derrotada pelo extasy e bate-estaca, pela Rave-trio-elétrico. Mas continuaremos do nosso modo “bilontra”, com a nossa política vagabunda e boêmia, dançante, pensante, ativa de dentro pra fora, construindo nossa realidade e futuro pela individualidade telepática.Seguiremos expurgando nossos demônios pela vibração da terra e do movimento inspirado pelo outro em nossos círculos de interação, assim como os hindus e os índios, enquanto você tira a poeira e bota novamente aquele Rock du bom, Blues ou a bossa na vitrola e exalta a nostalgia da geração de ouro, velando de vez os nossos ídolos que deveriam estar ativos, inspirando a sobrevivência da boa música.